sexta-feira, 29 de maio de 2009

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


- Ismalia, de Alphonsus de Guimarães.

"Eles saíram do barulho, fecharam o carro e seguiram. Estacionou, apagou os faróis. Subiram. Ela sentou-se, ajeitou o vestido, e olhou nos olhos. Ele com a garrafa na mão sorriu. Ela disse:
- Vou ao banheiro.
Foi. Voltou. Pegou a taça.
Sentaram-se no sofá branco. Ele contou causos que aquela menina-mulher luzia ao ouvir. Ela sorria muito, dizia fatos incríveis de maneira poética. Entre taças e goles de vinhos chilenos, eles sorriam. A louca vontade de qualquer contato tonava-se mais e mais intensa.
- Olhe - ele disse, - você bem sabe que eu gosto de mulheres como você.
- Como eu? Não entendo...
- Você gosta de ser elogiada. E tem razão. Sábia, linda e loura.
Eles sorriram.
Ela arrepiou-se. Volupida.
As mãos claras dele passavam pelos botões dela. As mãos dela entravam nas dele. Abriu os botões. Mais uma garrafa. Tempo. Desfez-se das roupas. As mãos encontraram-se nos seios fartos. A chuva caia.
Outra garrafa."