quinta-feira, 15 de outubro de 2009

ele acabara de constatar o desprezo que tinha pela esposa. ela não apresentava nenhuma qualidade além de ser uma boa reprodutora e mãe atenciosa.
passaram pela ultima discussão depois de uma noite em que despediram-se através do sexo. ele não excitou-se e pensou calado "a inteligencia é um afrodiasiaco".
ela levantou-se e foi até o chuveiro. deixou a agua esquentando e voltou a quarto. vendo o marido deitado assistindo a televisão, disse:
- você não tem, nem nunca terá sensibilidade para tratar uma mulher. nosso casamento está ruindo por isso.
ele respondeu sem tirar os olhos do aparelho; estava sendo sádico e capscioso como sempre:
- sensibilidade não sustenta um relacionamento. você e as pessoas de alma pequena acreditam que sensibilidade é tudo por que não enxergam nada além disso.
- você nasceu assim por que foi rejeitado por sua mãe desde sempre. ela era danada, traia seu pai e você passou a achar isso normal. minha terapeuta disse isso e eu concordo.
- então vá lá, gaste mais dinheiro e busque explicações reconfortantes. o inferno é você, não eu. nesse ponto, eu errei. errei em me casar com você. e que fique claro: esse foi o meu grande e unico erro.
ela chorava e rebatia:
- então pode ir procurar na rua aquilo que você acha aos montes. essas mulheres sem qualidades, prostituas e vagabundas... como aquela que você usou para me enganar durante meses. - alterou a voz e prosseguiu - vai me dizer que isso é mentira? aquele tipo de mulher vale um centavo? você pode me comparar a ela?
- ela não vale, é baixa. é mesmo impossível de comparar. é puta, sim. mas... não nesse nível...
ele levanta-se, toma um copo de agua, segue até o banheiro. urina de porta aberta.
volta para a cama e diz, agora em voz alta: a inteligentia é um afrodisiaco.