Dia
2. Nível de amor: cem por cento.
O
ventilador que causava tantas brigas não gira mais. Não sei dizer se era
pirraça minha, ou se seu corpo era quente demais, ou se hoje está muito frio.
Mas ele não roda, não existe mais barulho infernal, nem vento pneumônico.
Será
que as hélices do ventilador são como a nossa vida? Giram, giram, giram só para
nos dar conforto. Mas uma hora, por que queremos, elas param de funcionar. Está
sendo assim. Do mesmo jeito que meu ventilador não trabalha mais, minha mente
também não trabalha.
Fui
ao show do Caetano, onde chorei. Chorei desde a terceira música até a última.
Chorei em Tieta também. Chorei feito um bezerro. Sou “quase um bicho triste”.
Depois,
fui ao Mc Donalds. Na Henrique Schaumman. Aquele, em que fomos daquela vez.
Quando estávamos transbordando de amor e paixão. Passamos frio juntos só para
comer um lanche gorduroso e voltar pra casa. Era o ritual chamado “ficar
fofinho”.
Me
dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que
você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.
Depois,
fui pra Augusta. A Augusta é um dos lugares que mais odeio, você bem sabe. Mas
minhas amigas estavam lá e não quero conviver com elas só quando eu precisar.
Quero conviver e só.
Voltei
pra casa de táxi. Senti vontade de contar nossa história ao taxista. Saber
a opinião de um estranho que, provavelmente, me confortaria. (Obviamente que ele
não diria o que eu não quero ouvir.)
Quando
ele parou na porta de casa, me ofereceu uns chicletes de caixinha. Aceitei
dois. Mas agora tenho medo de comer. Por que um taxista me ofereceria
chicletes? Ele viu minhas amigas com pena de mim, ou eles tem crack na
composição? Não sei.
Me
dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que
você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.
Agora
pretendo me deitar e não te ligar amanhã, nem depois. Meu deadline é uma
semana. No sábado que vem, ou na sexta, vou tentar contato com você. Isso se as
coisas estiverem horríveis como ainda estão.
Não
consigo tomar nada como definitivo. Não até você dizer que comeu outra pessoa.
Aí, com o coração despedaçado, conseguirei.
Será
que você saiu hoje? Será que está dormindo na cama de alguma peituda?
Estou com medo por que amanhã é um domingo. Sim, você trabalha aos domingos,
mas não amanhã. E foi por isso que sonhei com o show do Caetano ao seu lado.
Pois chegaríamos em casa, faríamos um sexo bem feito e acordaríamos juntos sem
a necessidade de pular cedo da cama. Seria o dia perfeito.
Mas
você disse que não sente mais a minha falta. O que posso fazer? Dar seu espaço.
E não ser cruel comigo. Nem dura como você foi. Pois não sou assim.
Me
dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que
você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.
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Isso aqui é como um diário público. Vou escrever o que sinto como se meus escritos fossem um diário público.
Espero que não me peçam motivos para isso.