quinta-feira, 9 de junho de 2011

Inverno-Inferno



“Escrevo quando estou feliz. Mas escrevo belamente apenas no luto.
É com gotas de sangue, suor e lagrimas que eu emociono, quebro expectativas e cativo. No do meio do caos a escrita flui como se falasse no ouvido do leitor... E no olho do furacão as palavras se encaixam, ficam feito tijolinhos numa parede estreita: eles precisam estar milimetricamente posicionados para que nada desabe além da minha tristeza. As palavras devem caber nos olhos de quem as consome sendo a prosa poética de cada dia.”

Pensamento escrito por Catarina num guardanapo bege.
26-06-04



No trabalho tudo estava com deveria estar. Os mares de tormento não batiam mais a porta e o momento criativo daquela eximia professora – que sonhava frustrada em ser escritora – estava correndo rapidamente entre o espaço do pensamento, cérebro, lapidação e mãos sufocando uma caneta sobre um papel qualquer. Seus amigos não compactuavam com o erro por ela cometido, porém, estavam sempre prontos para servir o ombro em respeito ao triste deleite da companheira.

A despeito da sensatez, o artista é mais brilhante quando passa por crises profundas e tortuosas. Essa foi a conclusão da mestra Catarina, que desprendendo-se dos apegos materiais da vida, resolveu viver a angustia e descobrir o quão profundo era o seu poço. Entregou-se num lapso de segundo para um período considerável de sua existencia.

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