Por que haveria eu
De amar sem desfalecer,
Perder a alegria...
Já que busco incessantemente
A cãibra,
A cólera
O maldizer.
De que me serviria
O adorno amado
Se não me fizesse descabelar,
Se não me fizesse legar ao mundo
Toda a dor possível...
Imploro apenas por um segundo
Que todos os diabos, juntos
Cantem num coro de mil vozes
O mantra do meu sofrer.
Repito aos céus:
“Deus, desprezo vossa ajuda!”
“Anjos, afastem-se da minha presença!”
E desço ao inferno
Onde tudo é fétido
Onde as impurezas acalentam a planta de meus pés
Onde o enxofre banha a minha alma
E digo:
“Por favor, senhor das trevas
Que me mandes mais apuros,
Mais curvas sinuosas
E que a minha esquerda jamais direita!”
E de joelhos dobrados
Com as maos no asfalto
E a cabeça além,
Reluto:
E recebo o aviso
De que incontestavelmente
No meu dicionario pessoal
Amor se escreve com lama.
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