Não suporto fluidos, suposições ou pressupostos. Sinto medo de acreditar que o mundo é menos químico do que penso em relação a quantidade de forças que sinto escorrer entre meus dedos como se fosse mera água para sedentos. Esvai-se justamente com a minha compaixão para com aqueles que amo, pois não sei o motivo de amá-los – são todos tão monstruosos quanto o meu rosto refletido num banheiro de bar onde o mijo afoga meus pés sem qualquer resquício de piedade. São todos tão solúveis quanto o caráter dos governantes que ouso blasfemar por puro esporte e exercício de uma indignação chata e sem retorno. Sinto como se toda explicação (ou tentativa de) fosse inútil, pois a dor que me assola miseravelmente parece não escutar palavras. Jogadas, ou não.
Triste é ter certeza.
Saber que nada será diferente do que é agora e que a morte é uma parábola entre o tempo e o espaço de uma vida mal aproveitada. Saber que a paciência acaba e que as pessoas defecam através de olhares intimidadores que boicotam a esperança alheia sem nenhum motivo aparente. Devoram o luxo que consomem, cuidam de seus corpos e pensam estarem felizes por que aceitam conviver num esgoto recorrente.
Não fecho os olhos, pois sinto o peso nas costas.
Não faço diferença, pois não tenho coragem.
Sigo, observando formigas trabalhadoras que desejam mais agonia à medida que cada sol nasce mais quente. Inventam novos seios para embelezarem aqueles velhos caídos. Implantam novas carnes para que um pau (puro símbolo fálico, escorregadio e sadio) seja uma arma. Comem a lavagem que é proporcionada com a boca aberta e as mãos imundas. Feios e escrotos desde dentro, representando isso para fora.
Sinto-me a vontade para dizer que desejo a morte imediata de cada ser humano habitante da Terra.
(o receio não existe)
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