Se quiser chamar de amor, chame.
Ora, pois chame do que sentir vontade, Julia... chame de amor, minha Julia...
chame de loucura toda essa loucura que me toma conta quando eu penso em você...
Ah... mas não me deixe aqui esperando o teu sorriso bonito que vem desse belo
par de beiços cor de laranja... Ai, minha Julia, não me deixe sentar aqui em
vão... Esse banco, Julinha, não conforta minha bunda esquerda e amassa a
direita. Mas, o que eu não faria para te esperar sair desse ônibus... O que eu
não faço por você, minha menina... Julia, Julia...
E até parece que esse relógio está
quebrado. Por que o tempo está se arrastando pelo chão onde pisa esse mundo de
gente desesperada. Bate salto, bate bota, bate bola.... Essas tais horas se
quedam trôpegas pelos meios dessas catracas, pelas cadeiras onde as bundas
sujas sentaram, por guichês onde velhas e moças passaram. Julinha, por que o
ônibus de Juazeiro não aparece de uma vez? Já passou Belo Horizonte, Mariana, Itabira...
Juazeiro não aparecenunca. Meu Deus! Esse tal de Juazeiro... quase que perco a
fé nessas horas! Meu estômago deve estar despedaçado a essa altura. Sorte minha
não ter me dado uma caganeira brava bem agora. Imagina encontrar a Julia com a
bunda tão suja quanto as bundas das pessoas que sentam nas cadeiras dessa
lanchonete?
Se tem um lugar que eu detesto, vou
dizer: é a rodoviária. Lugarzinho para ter gente feia, sem dente... Impressionante
como todo mundo nesse lugar é feio e quer saber de viajar, visitar família...
até velho anda de ônibus como se fosse rapaz. Pensa se um deles cai na hora de
subir na plataforma pro ônibus? As escadas são muito grandes, é o maior perigo
isso acontecer...
Talvez a única pessoa bonita dessa
rodoviária fedida seja a minha Julia. A minha Julia e a moça dessa lanchonete.
(Me vendeu por três real uma coxinha
tão gostosa quanto a buzanfa dela)
Mas espero que a minha noiva apareça
com aquele vestido de rosa que minha mãe deu pra ela no natal passado. Fica
demais gostosa ainda com aquele vestido... na verdade, ela fica gostosa é de
qualquer jeito. Mas, aquele vestido... deixa a bunda dela empinadinha. Ai,
Julinha... que saudade que eu tenho de você, minha princesa. E esse ônibus
arruaceiro não aparece! Infeliz seja o motorista que estiver te guiando. Minha
vontade é de dar um morro na cara de velho imundo dele por me deixar assim,
feito um cachorro frioriento.
- Juazeiro! Julia! Julia! Juaziero!
(que bunda boa...)
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