quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um boa bunda



Se quiser chamar de amor, chame. Ora, pois chame do que sentir vontade, Julia... chame de amor, minha Julia... chame de loucura toda essa loucura que me toma conta quando eu penso em você... Ah... mas não me deixe aqui esperando o teu sorriso bonito que vem desse belo par de beiços cor de laranja... Ai, minha Julia, não me deixe sentar aqui em vão... Esse banco, Julinha, não conforta minha bunda esquerda e amassa a direita. Mas, o que eu não faria para te esperar sair desse ônibus... O que eu não faço por você, minha menina... Julia, Julia...

E até parece que esse relógio está quebrado. Por que o tempo está se arrastando pelo chão onde pisa esse mundo de gente desesperada. Bate salto, bate bota, bate bola.... Essas tais horas se quedam trôpegas pelos meios dessas catracas, pelas cadeiras onde as bundas sujas sentaram, por guichês onde velhas e moças passaram. Julinha, por que o ônibus de Juazeiro não aparece de uma vez? Já passou Belo Horizonte, Mariana, Itabira... Juazeiro não aparecenunca. Meu Deus! Esse tal de Juazeiro... quase que perco a fé nessas horas! Meu estômago deve estar despedaçado a essa altura. Sorte minha não ter me dado uma caganeira brava bem agora. Imagina encontrar a Julia com a bunda tão suja quanto as bundas das pessoas que sentam nas cadeiras dessa lanchonete?

Se tem um lugar que eu detesto, vou dizer: é a rodoviária. Lugarzinho para ter gente feia, sem dente... Impressionante como todo mundo nesse lugar é feio e quer saber de viajar, visitar família... até velho anda de ônibus como se fosse rapaz. Pensa se um deles cai na hora de subir na plataforma pro ônibus? As escadas são muito grandes, é o maior perigo isso acontecer...

Talvez a única pessoa bonita dessa rodoviária fedida seja a minha Julia. A minha Julia e a moça dessa lanchonete.

(Me vendeu por três real uma coxinha tão gostosa quanto a buzanfa dela)

Mas espero que a minha noiva apareça com aquele vestido de rosa que minha mãe deu pra ela no natal passado. Fica demais gostosa ainda com aquele vestido... na verdade, ela fica gostosa é de qualquer jeito. Mas, aquele vestido... deixa a bunda dela empinadinha. Ai, Julinha... que saudade que eu tenho de você, minha princesa. E esse ônibus arruaceiro não aparece! Infeliz seja o motorista que estiver te guiando. Minha vontade é de dar um morro na cara de velho imundo dele por me deixar assim, feito um cachorro frioriento.

- Juazeiro! Julia! Julia! Juaziero!

(que bunda boa...)

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