Preciso dizer que sou
rebelde sem causa aparente.
Sofro por buscar demais
o que é inominável.
Eu não tenho um nome.
Eu tenho a vida
e somente ela.
Não tenho bens,
nem saúde mental.
Mas tenho a vida
[ela é tudo que me
resta]
É minha. Só minha.
Quem sabe dela sou eu.
Não me insulte
pelos meus cabelos
jogados,
nem pelas unhas roídas,
nem pelo pé fedido
de chulé azedo.
Não me julgue:
sou ser humano,
sou flácida,
sou pálida.
OBRIGO, pois:
Quem enxerga as
digitais dos meus dedos sou eu.
Dos meus pelos pubianos
cuido eu.
Quero que saiam da
minha volta,
mas preciso de abrigo
absoluto.
O tempo todo, de
qualquer forma que se abrigue.
Aqui
agora
pra já
pra sempre
sem limite
sem gente
sem teto, sem chão
de chinelo, ou no
colchão:
quero abrigo.
OBRIGO!
Aceite de uma vez
As palavras que tenho
para doar,
pois não quero ferir:
só quero dizer.
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