Mulheres como nós não
merecem chances, nem perdões. Mulheres como nós desobedecem e merecem castigo
eterno. Mulheres como nós latem feito cadelas que transbordam sangue entre os
dentes, grandes protetoras da cria.
Mulheres como eu nascem
para caminhar em linha reta até a morte.
Mulheres como eu nascem
para servir de saco para os socos alheios. Nunca estão em evidencia, nunca
serão as primeiras.
Oficiais, jamais.
Somos Genis. Damos para
qualquer um que peça um bocado de algo que exija uma coragem homérica adornada
por falta de caráter. Mulheres como nós, gritam. Fedem a álcool.
Constrangem. Estragam.
Choram.
Mulheres como eu nunca
dominam o desconhecido: submetem-se a ele.
(mascaradamente)
Dominamos somente a nós
mesmas, mas nem sempre.
Dominamos os olhares alheios,
mas causamos receio nos corações.
Olhamos sempre para
frente, nunca para baixo.
Batem. Apanham. Acham
justo.
Mulheres como nós, são
amadas. Mas nunca saberão disso.
A única coisa que nos
preenche é o vazio.
2 comentários:
És belo momento
do vazio inteiro
para tornar-se cheio
Não é complemento
que passa e volta
em outro momento.
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