terça-feira, 31 de agosto de 2010

... essa frase levou meu pensamento para longe. Aquela boca vermelha feito maça polida em barra de camisa. Ornamentada com uma cicatriz protuberante no centro - milimétricamente medida. Que me disse para ser mais tranquila e menos medrosa. Que me beijou fazendo a minha boca fina e insossa responder com alegria. Que ofegou entre meu ombro e orelha direita.
Reconstitui a situação - saudade e vontade. Revi aquelas mãos seguras e ouvi uma voz despreocupada e nada temerosa. Era o meu contrario. Eu não queria te-lo para mim. Jamais desejei possuir seu pensamento ou tornar-me sua cônjuge. Só queria que ele fosse bom para mim.
Fiz o que quis e a força na natureza me impediu de atuar mais profundamente naquele instante. Pela primeira vez agradeci aos céus por ter hormonios e não ter um Diane35 na bolsa. Certamente eu agiria como bicho: mas consciência e hormonio só as fêmeas humanas tem. Só as mulheres.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Crença - Lenine

Eu só penso em você\Depois que eu penso em mim\E eu penso tanto em nós dois\Sei que é de cada um\E acho até comum\Pensar assim de nós dois\Vai que a gente pensa igual\E acho isso normal\O igual da diferença\Cada um, todo ser\Tem sua crença\Eu só penso em você\Depois eu penso em mim\E eu me confundo em nós dois\Sei quando viramos um\E aparece um\Que se mistura em nos dois\Vem não há o que pensar\Melhor achar normal\Viver a diferença\Pensa não, deixa assim\Que a vida pensa\Tanto por viver, tento não jogar\Pra baixo do tapete essa poeira\Tonto de você tento não pensar besteira\Tanto por você, para o nosso bem\Às vezes fica um com e o outro sem\Seja como for somos nós e mais ninguém\O que eu quero de você\E você quer de mim\Nós decidimos depois\Eu só penso em você\E tenho aqui pra mim\Que você pensa em nós dois.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

G. G. M.

''Naquela noite interminável, enquanto o Coronel Gerineldo Márquez evocava as suas tardes mortas no quarto de costura de Amaranta, o Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade.''

Cem Anos de Solidão - pedacinho.