sábado, 27 de abril de 2013

M.B.

"(...)
Logo depois de terminado este livro, meu filho bem-amado, Marc, de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico Tudo o que é sólido desmancha no ar. Sua vida e sua morte trazem muitas das ideias e temas do livro para bem perto: no mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranquilidade doméstica, como ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes perdemos. Ivan Karamázov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar."

Cidade de Nova Iorque
Janeiro de 1981
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trecho retirado do prefácio de Tudo que é sólido desmancha no ar, de Marshall Berman.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

veja bem, seu doutor: sou uma mulher. e este texto, quem escreveu fui eu



veja bem: eu sou uma mulher. MULHER.

não vou passar por um tormento duradouro. e isso é só por que eu fiz o que deveria. fiz o que poderia ser feito e fiz direito.

vai passar antes que eu perceba, pois eu creio nas pessoas que apostam em mim. elas me dão a mão e eu seguro forte, pois sorte, seu rapaz, é acreditar na vida. e a vida só é construída através da boa vontade de quem nos ama.

você não conquistou um puto sozinho. mas seu ego é a coisa ridícula que já vi.

meu coração não foi o primeiro que você despedaçou. nem o último.

mas, meu senhor, espero que o seu seja despedaçado um dia. pois problema, todos temos. mas a coragem de voltar, acreditar e amar as pessoas, só os seres humanos HUMANOS tem. 

para você, não desejo nada menos que aprendizado e humildade. e amor. amor pelas pessoas que te fazem ser o que você é. ninguém vive sozinho. 


seria melhor estar morto.


para mim, desejo toda a felicidade do mundo. pois é isso que mereço: toda a felicidade do mundo.

e para isso, vou buscar. vou cultivar amigos, agradecer sempre que possível e me desculpar sempre que minhas mãos tremerem.

pois sou assim. um tipo de ser humano maravilhoso no mundo.

você teve a maior sorte que poderia ao me ter nas mãos. mas você é burro. e além de burro, é egoísta.

minha dor do peito vai passar em 3, 2, 1. 



e para você, só desejo mais amor.

domingo, 14 de abril de 2013


Dia 2. Nível de amor: cem por cento.



O ventilador que causava tantas brigas não gira mais. Não sei dizer se era pirraça minha, ou se seu corpo era quente demais, ou se hoje está muito frio. Mas ele não roda, não existe mais barulho infernal, nem vento pneumônico.

Será que as hélices do ventilador são como a nossa vida? Giram, giram, giram só para nos dar conforto. Mas uma hora, por que queremos, elas param de funcionar. Está sendo assim. Do mesmo jeito que meu ventilador não trabalha mais, minha mente também não trabalha.

Me dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.

Fui ao show do Caetano, onde chorei. Chorei desde a terceira música até a última. Chorei em Tieta também. Chorei feito um bezerro. Sou “quase um bicho triste”.

Depois, fui ao Mc Donalds. Na Henrique Schaumman. Aquele, em que fomos daquela vez. Quando estávamos transbordando de amor e paixão. Passamos frio juntos só para comer um lanche gorduroso e voltar pra casa. Era o ritual chamado “ficar fofinho”.

Me dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.

Depois, fui pra Augusta. A Augusta é um dos lugares que mais odeio, você bem sabe. Mas minhas amigas estavam lá e não quero conviver com elas só quando eu precisar. Quero conviver e só.

Voltei pra casa de táxi.  Senti vontade de contar nossa história ao taxista. Saber a opinião de um estranho que, provavelmente, me confortaria. (Obviamente que ele não diria o que eu não quero ouvir.)

Quando ele parou na porta de casa, me ofereceu uns chicletes de caixinha. Aceitei dois. Mas agora tenho medo de comer. Por que um taxista me ofereceria chicletes? Ele viu minhas amigas com pena de mim, ou eles tem crack na composição? Não sei.

Me dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.

Agora pretendo me deitar e não te ligar amanhã, nem depois. Meu deadline é uma semana. No sábado que vem, ou na sexta, vou tentar contato com você. Isso se as coisas estiverem horríveis como ainda estão.

Não consigo tomar nada como definitivo. Não até você dizer que comeu outra pessoa. Aí, com o coração despedaçado, conseguirei.

Será que você saiu hoje? Será que está dormindo na cama de alguma peituda? Estou com medo por que amanhã é um domingo. Sim, você trabalha aos domingos, mas não amanhã. E foi por isso que sonhei com o show do Caetano ao seu lado. Pois chegaríamos em casa, faríamos um sexo bem feito e acordaríamos juntos sem a necessidade de pular cedo da cama. Seria o dia perfeito.

Mas você disse que não sente mais a minha falta. O que posso fazer? Dar seu espaço. E não ser cruel comigo. Nem dura como você foi. Pois não sou assim.

Me dói saber que talvez você tenha falado a verdade. Me dói mais ainda achar que você mentiu. Pois você é uma pessoa esquisita.

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Isso aqui é como um diário público. Vou escrever o que sinto como se meus escritos fossem um diário público. 

Espero que não me peçam motivos para isso.

sábado, 13 de abril de 2013

Triste como se inalasse enxofre em meu ultimo suspiro


Estou triste.
Como não ficava desde meus 16 anos
quando perdi a esperança na humanidade,
mas não no amor.

Estou triste.
Como quem perde esperanças.
Porém, não no amor.

Estou triste.
Como quem carrega o peso de todas as misérias humanas
em sacolas plásticas que me rasgam as mãos.

Triste como se inalasse enxofre em meu ultimo suspiro.

Triste como se não enxergasse almas.

Como se não existisse amor em mim...

Mas de maldade não morro.
E juro, que de maldade não morro.

Nem de egoísmo, tampouco por falta de amor.

Estou triste.
Ainda mais triste por que hoje,
num dia de tristezas,
a chuva escorre guerreira
e não se sente a vontade para parar.

Assim, me deixar enxergar o céu,
me perguntar quantos deuses existem...

Não tenho gestos,
nem mãos para gestos.
Mas tenho vontade de criar.

Sobressair, faltar e saltar.

Inutilizar dinheiro.


Sentir pena de quem não sabe amar.


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que fique clara a minha total inabilidade para a escrita.
que fique clara a minha total tristeza.
que fique clara a minha vontade de felicidade.

hoje é o dia em que registro a minha vontade de felicidade. como se meus escritos fossem um diário público.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

ceci n'est pas une poésie



eu não quis falar
mas acontece que as palavras de mim
são de um jeito estúpido:
escorregam e eu nem tomo nota.

hoje pela manhã
pedi as bençãos de Jah
no busum lotado onde a cobradora não gostava de mim
e me olhava feio.

pedi bençãos a mim mesma
mas como costumo dizer
sou desordem, nasci desordem
mas, espero morrer somente no progresso.

processo.

não sei falar francês
e isso não é uma poesia que valha.

isso não é uma poesia.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Tenho medo de pedir colo. 

Tenho medo de pedir colo por que, se me seguram, podem me deixar cair.

A morte é solução ou não.

Quero outra.

Preciso de paz.