quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


O artista é o criador de coisas belas.

O objetivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.

O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo para um novo material a sua impressão de coisas belas.

A mais elevada, tal como a mais rasteira, forma de crítica é um modo de autobiografia.

Os que encontram significações torpes nas coisas belas são 
corruptos sem sedução, o que é um defeito.

Os que encontram significações belas nas coisas belas são 
os ocultos: para esses há esperança.

Eleitos são aqueles para quem as coisas 
belas apenas significam Beleza.

Um livro moral ou imoral é coisa que não 
existe. Os livros são bem escritos, ou mal 
escritos. E é tudo. 

A aversão do século XIX pelo Realismo é a fúria de Caliban ao ver a sua cara no espelho.

A aversão do século XIX pelo Romantismo é a fúria de Caliban ao não ver sua cara no espelho.

A vida moral do homem faz parte dos temas tratados 
pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso 
perfeito de um meio imperfeito.

Nenhum artista quer demonstrar coisa alguma. Até as verdades podem ser demonstradas.

Nenhum artista tem simpatias éticas. Uma simpatia ética 
num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.

O artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.

O pensamento e a linguagem são para o artista 
instrumentos de arte.

O vício e a virtude são para o artista matérias de arte.

Sob o ponto de vista da forma, a arte do músico é o modelo de todas as artes. Sob o ponto de vista do sentimento, é a profissão de ator o modelo.

Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para além da superfície, fazem-no a expensas suas. Os que lêem o símbolo, fazem-no a expensas suas.

O que a arte realmente espelha é o espectador, não a 
vida.

A diversidade de opiniões sobre uma obra de arte revela 
que a obra é nova, complexa e vital.

Quando os críticos divergem, o artista está 
em consonância consigo mesmo.

Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil, conquanto que não a admire. A única justificação para uma coisa inútil é que ela seja profundamente admirada.

Toda a arte é completamente inútil.






- WILDE, Oscar. Prefácio do Retrato de Dorian Gray.