terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Puta

Não exijo sentido para a vida palpável. Não quero explicação para a minha vida metafísica. Não acredito em uma só verdade. Desejo apenas que a morte seja rápida, límpida e clara. Desejo apenas que o sofrimento seja pleno enquanto breve. Justificável enquanto justo.
Não aspiro a felicidade pois sei que é um caso impossível. Não vejo no amor um escape para a minha vertigem. Vejo o amor como algo que faz sofrer, faz perder a vida e a vida. Faz esquecer a poesia do corpo, faz lembrar somente de dores, cores impactantes, flores que cheiram ao longe. O amor é a maior injustiça da humanidade. Depositamos em um ser não confiável toda a percepção de beleza da existência.
Não desejo a morte enquanto amo: quero florescer o egoísmo estando perto daquela matéria que me corta a pele a cada vez que a vejo. Lindo, lindo, lindo. E injusto. Incompetente. Hilário, debochado, sarcástico. Sarcástico, sarcástico, sarcástico.
Filosofei por dias e noites. Queimei belas idéias que mudariam o mundo. Fiz de tudo para descobrir apenas que desejo a morte rápida, límpida e clara. Enquanto eu não estiver amando.