domingo, 13 de maio de 2012

Preenchidas pelo vazio



Mulheres como nós não merecem chances, nem perdões. Mulheres como nós desobedecem e merecem castigo eterno. Mulheres como nós latem feito cadelas que transbordam sangue entre os dentes, grandes protetoras da cria.

Mulheres como eu nascem para caminhar em linha reta até a morte.

Mulheres como eu nascem para servir de saco para os socos alheios. Nunca estão em evidencia, nunca serão as primeiras.

Oficiais, jamais.

Somos Genis. Damos para qualquer um que peça um bocado de algo que exija uma coragem homérica adornada por falta de caráter. Mulheres como nós, gritam. Fedem a álcool.

Constrangem. Estragam. Choram.

Mulheres como eu nunca dominam o desconhecido: submetem-se a ele.

(mascaradamente)


Dominamos somente a nós mesmas, mas nem sempre.
Dominamos os olhares alheios, mas causamos receio nos corações.

Olhamos sempre para frente, nunca para baixo.

Batem. Apanham. Acham justo.


Mulheres como nós, são amadas. Mas nunca saberão disso.



A única coisa que nos preenche é o vazio.