domingo, 29 de maio de 2011

Hijo de puta

filhos?
do meu ventre não brotarão.
nem do mundo,
nem adota-los eu quero.

filhos?
longe da minha vista estejam...
não por falta de sensibilidade,
ou por que choram,
ou pois narizes escorrem...

filhos?
jamais da minha rotina farão parte,
não desejo vê-los,
nem toca-los,
nem brinda-los...

filhos?
somente os de amigos,
conhecidos,
familiares:
esses eu hei de admirar
e adorar...

filhos,
não vos quero presentes.
nada pelo simples fato de não ama-los,
ou de ser má,
ou de ser severa...

filhos,
não vos quero
apenas pois não me imagino sendo
os diabos que são hoje
os meus detestados pais.

terça-feira, 24 de maio de 2011

São Paulo, SP

em São Paulo todo dia é frio.
todo dia é dia de condolência, de tristeza.
contas a pagar remetem ao caos;
a vida passa fria e distante:
escorrendo.
pelos dedos nossos
e de todos eles,
que vivem e habitam
os piores becos,
os mais molhados,
mais úmidos
e fétidos.

a vida escorre pelas mãos de quem vive aqui.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Egon

Eu acho
Que num divia
Existi
A gramatica.

Eu acho
Que num divia
Existi
As regra.

Qui mi sucumbi,
Qui mi maltrata,
Qui mi degola...

Eu acho
Que portugueis de rico
É feio,
É franceis.

Eu acho
Que nóis falanu
É bunito
É acunchenganti.

Eu acho
Que pra falá
De amor
Tudu presta.

Eu acho
Que pra nóis vivê
Tá tudu bom
Desdi que
Eu entenda ucê...

Eu tô cansada
Do portugueis
Postuguês.

Qui mi incoli
Qui mi iscondi
Que me ata

E mata-me.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

a pétala dobrada

me dá essa musiquinha
nessa fonte noveau
nesse papelzinho dourado
nessa sala desordenada.

deixa o solzinho entrar
é de manhã, é domingo...

me dá um beijinho
no meu rostinho,
no meu pézinho,
em tudo meu...

me dá aqui essa presença
esse presente lindo
esse suspiro prolongadamente

. . .

demorado.

me dá a tua vidinha
pr'eu cuidar dela
juro que cuido direitinho...

me dá aqui,
eu te seguro
e
te liberto!

ah, meu deus...
bendito seja o dia,
a hora,
o momento exato,
a ordem das galáxias...

ah, meu deus,

bendito seja o dia que eu encontrei você.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Re: (Mudança.)

você mudou esse pampeiro quando você quis.
agora eu mudei fica de boa flw

náusea

fique quieta um pouco, Tereza
você me dá azia,
você me causa ansia...

fique relaxada por um momento, Tereza
assim você me enlouquece,
me escurece as vistas...

fique em transe, Tereza
assim você se acalma,
assim você me esquece...

terça-feira, 10 de maio de 2011

UMA

é como um casaco de veludo no inverno:
seus olhos indo e vindo, encontrando abrigo
nos meus olhos pelados, nuinhos
vazios, abrigando a imensidão das folhas
caindo num dia de outono,
antecedendo esse inferno inverno.

se fosse de bom grado ou sinal de educação
estaria presa em teu corpo
implorando para que você me proteja
do gelo que escorre das folhas alaranjadas
que não é mais orvalho
mas sim, matéria sólida significando a falta de afago.

bem bonita seria essa paisagem
miragem surrealista em meio ao vendaval
cortando a tua tez alva
refletindo a tristeza da vida nossa
pisando esse chão cinza
cheirando a poeira da cidade

fazendo da vida o que ela é por exelencia
regozijando de êxtase no centro da alegria
vivendo apenas aquilo que me é de direito
aquilo que deve, por justiça, por sensatez
ser meu pertence dourado
isolando esse frio astuto e malandro
que envolve as minha linfas,
não tão brancas quanto as tuas,
numa noite de maio.

não haverá consequencia infinita
nunca haverá paz absoluta que reine
sob a minha coroa de majestade
que adquiri por meio da insolência
por meio da displiscencia
de uma vida cercada de medo, loucura
frigidez e pouca cura
deste imenso sulco cavado por ela
na superfície da nossa existência.

domingo, 8 de maio de 2011

oculto

uma divisão
de dois pés
sob um pano verde
e a luz do sol
por cima.

uma divisão
de um braço aqui
e o outro
lá.

uma divisão
de uma barba aqui
uma unha vermelha
ali.

uma divisão
de cabeças
rolando
entre cobranças

injustas.

uma divisão
de uma mãe
e um pai

mãe nesta face
pai naquela

divisão
injusta.

uma separação
casca grossa
que gerou
uma divisão
de vida

e

felicidade.

purple

deita essa garrafa
bebe mais um pouco
esquece esse tormento

e vem
me dizer
a velha nova
da noite.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

IPT

Aqui, na aula de pentecostes
Há uma igreja pequena
Onde se diz:
"Deus é amor!"

Meu Deus é amor
Só o meu Deus salva
Quando está embriagado
De vinho e cachaça podre.

Aqui, nesta sala
Que ferve feito o inferno
Meu Deus não entra
Pois ele gosta de frio

Maconha
Soda
Rock
E sexo seguro.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Querida Vizinha

(de uma brisa parcialmente bem aproveitada)


Não sei mais o que me lembra essa tua cara de louca. Você, por boa esposa, mãe de família e trabalhadora que suponho ser, não dispõe da sensatez irrevogável de uma boa convivência social.

Não venho por meio desta julgar-te ou tentar escavar o âmago dessa tua personalidade doentia. Acredito ainda, que foste uma criança sedentária e triste, vazia de afeto. Nenhuma criança feliz e amada é capaz de colecionar atos ridiculamente estúpidos na vida adulta.

Aqui, no apartamento de cima, vivemos regadas a felicidade de termos em mente que a existência é algo mais belo e profundo do que a amargura de uma vida seca e pobre como a tua.

Infelizmente, por excelência, por legitimação, é assim.


Atenciosamente,

Gossip Ganjah

terça-feira, 3 de maio de 2011

Poesia para minha amiga Terê

me

dois desse
dois desse
dois desse
doce
- Débora Lopes

segunda-feira, 2 de maio de 2011

pense duas vezes antes de esquecer

Pense duas vezes antes de esquecer
Pense duas vezes antes de esquecer
Pense duas vezes antes de esquecer
O que aconteceu entre eu e você

Já te dei a senha do meu segredo
Já te dei a chave do meu coração
Minha digital impressa no seu dedo
Todos os seus beijos para o meu batom
Nossos pés pisaram as mesmas pegadas
Seus cabelos encaracolaram os meus
Tantos fins de tarde, tantas madrugadas
Não me deixe nunca pelo amor de Deus

Já senti saudade, já senti ciúme
Já te dei motivo pra perder a razão
Desse mal a gente nunca fica imune
Nunca demos chance pra desilusão
Nossos olhos viram as mesmas miragens
Os acasos se amarraram pra nós dois
Todas as risadas, todas as bobagens
Eu não tenho medo do que vem depois

Pense duas vezes antes de esquecer
Pense duas vezes antes de esquecer
Pense duas vezes antes de esquecer
O que aconteceu entre eu e você


- Marcelo Jeneci/Ortinho Arnaldo/Antunes

nóis casa em Catanduva

chega mais,
vamo casá.

me lê esse livrinho aí,
que hoje a gente vai casá.

devórvi esse revórvi pra caixa,
abaixa essa mão suja,
deita no meu colinho,
que se num fô hoje,
nóis num casa mais.

vem aqui nesse banquinho,
eu te dou uma beira,
meu neguinho.

senta aqui nesse cantinho,
vem me dá o teu cherinho,
que hoje nóis vai casá.

olha esse filminho
que coisa mais gostosa
na frente dessa janela
suada de chuva...

essa é a hora e o lugar
que a gente tem
pra casá.

óia esse zóinho preto
dessa menininha que te ama...

óia esse chameguinho
escorrengo da mão dela...

vem pra perto, lindo
que hoje nóis casa.

vem aqui nas minha vista,
bota a butina pro lado,
dobra bem dobrado a revista,
acende um cigarrinho,
que tá tudo pronto pra festa:
hoje nóis vai casá.