terça-feira, 21 de maio de 2013

capote valente

o busum demora a passar
acendo um cigarro
e depois outro.

mais outro.

bartira
sumaré
capote valente
(é perto do seu trampo)
doutor arnaldo
angélica
gélida

a dor insiste.

homem tomando enquadro.

e o busum demora a passar.

e como eu queria que deus existisse
e que essa fosse minha preocupação mais importante.

dizer tchau a você é uma foda mal dada,
uma gozada interrompida,
um macarrão frio,
inverno sem cobertor,
inferno sem dor.

ver tudo tornar desgraça,
decepção e angústia.

viver a procura da porra da cura
que não existe, não tem remédio.

homeopatia que me valha é maconha.

nesse planeta é só podridão a existir,
pois nascemos da falta de escrúpulos,
vemos vídeos pornográficos,
gente comendo gente,
estocando sem piedade.

nascemos disso e como dói tentar sair...

viveremos presos a essa condição de bichos escrotos para sempre?

viveremos até quando morrendo por amor?

eu não sei dizer adeus,
eu não sei dizer oi,
eu me pego fitando o passado
almejando um futuro
buscando em outros o que você não pôde me dar.

agora, nesse instante, a culpa é de quem?

minha, que te dei minha autonomia

ou

sua, que preferiu a indecência das ruivas?

nesse momento vivo numa caixa de sapatos
apertada e escura,
onde sair dói,
o sol faz frio
o sol me mata

o sol vai tomar no cu.

nesse momento continuo buscando explicações
até o dia em que tudo vai virar


novamente


novamente


novamente

pó.