terça-feira, 17 de julho de 2012

Sobretudo, gosto de você



Sou do tipo esquisito. Não consigo me classificar e isso corrói minhas entranhas. Fico triste, pensando em como as pessoas me vêem ou em como eu me comporto: será que correspondo a tudo que penso? Não sei dizer, jamais soube. Hoje a única coisa que busco é serenidade. Gosto de rock n roll, de cinema, de literatura, de comida boa, teatro, artes plásticas e editoriais de moda. Mas descobri que gosto de uma coisa sobre todas as coisas.

Gosto de você.

Não sabia disso. A primeira pessoa por quem me apaixonei foi pelo Nino, do Castelo Rá-tim-bum. Achava que ele me via pela tela e, por isso, me ajeitava bonita quando começava o programa. Depois disso, me apaixonei por alguns garotos e namorei três deles (mas nenhum por mais de dois meses). No primeiro colegial, me apaixonei pela professora de literatura. Gostava quando ela ia de cabelo solto pra escola. Tinha dias que ela usava batom. Aí eu ficava maluca, condenada a olha-la profundamente e suspirar constante. Fazia perguntas só para que ela visse que eu existia no fundo da sala onde o ar condicionado congelava corações imaturos. No primeiro ano da faculdade, me apaixonei pelo meu melhor amigo. Mas era tão infantil quanto meus namoradinhos de quatorze anos. Faltou pouco para que cuspíssemos na cara um do outro...

Hoje eu resolvi me apaixonar por você.

Apaixonar não: estou amando. Descobri a diferença entre estar apaixonado e estar amando sinceramente alguem. Minha cabeça está no lugar, pois com você imagino uma vida. Tenho medo de te desrespeitar. Tenho medo de te chatear.

Sobretudo, tenho medo de te perder.

Mas não é aquele medo apaixonado, de que vou ficar sem ar ou emagrecer por isso – trata-se de um medo sóbrio. Se eu te perder, serei nada menos que nada. Absolutamente. Se eu te perder, será pesado. Será triste. Ficarei em silêncio. Não te blasfemarei. Por que estou sóbria. Estou com vontade de me juntar a você e construir uma casa no meio do mato, pra gente fugir quando São Paulo estiver muito cinza.

Não sinto a necessidade brutal de te provar algo. Apenas sinto que preciso viver ao teu lado e fincar minhas unhas nos teus ombros quando a chuva começar a cair. Me sinto sóbria. Me sinto segura.  Por que você me observa. Você fica intrigado e eu acho graça. Acho graça enquanto você fica parado, olhando, quieto. Penso “O que diabos esse cara tá imaginando a meu respeito?” e sei que são coisas boas. Macias. Você precisa confiar em mim, pois já me entreguei quando pensei que isso fosse impossível.

Não sinto ciúmes. Não sinto... você não me provoca isso. Depois de você, aprendi que sou adulta. Aprendi que adultos acordam cedo e são responsáveis. Mas só fazem aquilo que querem: não somos máquinas. Ainda bem que você me fez pensar assim. Mundo de merda esse, não? Mas, meu amor, não cairemos nesse abismo. Acordaremos cedo sim, mas pra dormir vamos escutar Led Zeppelin.

Se você não tivesse aparecido, eu teria que me conformar em ser incompleta. Como se me faltasse um braço. Ou como se eu tivesse cabelos lisos e olhos negros.

Não seria eu.