segunda-feira, 20 de junho de 2011

Hoje

Não estaria plena a ponto de ouvir aquele som denovo. Não me senti confortável ao sentir aquelas digitais denovo. Tampouco ao sentir aquele cheiro.
Como num ritual regrado e cercado de uma mistificação ignorante, sentei e vi o que havia para ser visto. A apatia fez-se completa, meu rosto não expressou sequer admiração e continuei a respirar. Por incrível que pareça, ainda estou viva e posso continuar a viver, comer, andar, falar, mijar e pensar. Eu continuei sendo um corpo, como jamais deveria deixar de ser e como jamais deveria imaginar não ser.
Aqueles três dias na cama me serviram de remédio para a gripe e para que eu me situasse nos fatos ainda pendentes de uma mente insana.
Comprar pão ainda é parte da rotina, fazer café também. Ver os onibus passando cheios "de pernas amarelas", ver as madames e seus bibelôs peludos e ver os bêbados que habitam o bar: tudo isso continuou a existir, como a vida que está aparte em mim agora.