quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Na casa do caralho. Ou no cu do mundo.

O mundo é grande.

O mundo é vasto.

O mundo

é

imundo.

A velha com os pés rachados sabe que o mundo é o que aparenta. Sabe que ele é nada menos do que deveria ser e que suas escaras não significam nada para ninguém. A vendedora da loja – com uma deplorável cara de mal comida, mal gozada e mal amada – que exclama a síntese banal “Boa tarde! Já tem o cartão C&A?” não sabe que a velha sofre. Não imagina que o maior desejo dela é que enfie o cartão no cu. Ela não se interessa por nada, só pelo feijão que esta prestes a queimar no fogo alto, pois seu neto de onze anos fica ali parado derramando sorvete na bermuda que, mais tarde, será lavada pela mesma velha. “Esse moleque é um otário, um bostinha que não serve pra nada”, pensa.

Ela está puta.

Odeia as menininhas que caminham pelo shopping center com suas saias disfarçadas de armadilhas sexuais. Ela odeia o estacionamento e os carros importados que ficam parados ali. Odeia saber que precisa viver, pois sua fé não permite que coloque fim na própria vida.

As pessoas são um mar de escrotidão.

[uma punheta mal batida]

As pessoas querem foder umas as outras como se o amanhã fosse uma bomba nuclear a estourar debaixo dos colchões. Desejam foder intensamente como se a conseqüência fosse passageira ou inexistente.

Filistram num aterro adornado com corações abatidos suas hipocrisias e descontentamentos.

No mundo só existem peruas plastificadas trepando com michês ignorantes enquanto seus maridos comem a secretaria

[mãe de quatro filhos, que precisa de um emprego]

[filhos engolindo a porra de estranhos. Sorrindo.]

.

Matei uma formiga no caminho de volta para a casa. Enxerguei ela de longe por que estava usando meus detestáveis e incômodos óculos. Sabia que a mataria e o fiz mesmo assim. Foda-se a merda da formiga. Ela é tão pequena quanto eu.

[mais fácil de ser matada.]

Enquanto não percebem a minha pequenez, tentam me assassinar aos poucos.

Uma dose por dia.

Eu escolhi matar de vez aquela formiga imbecil. Não senti pena, sequer ternura ou apreço por aquele bicho trabalhador. Sou um trator ambulante andando num mato cheio de

sapos, bosta de cavalo, chorume, água suja, mijo e camisinha de cu comido.

Minha vida continuou a desgraça constante que é, assim como é a vida de meu pai e de meus amigos que foram criados por baixo da lona de um circo chamado cristianismo. Nós estamos todos nesse buraco de bosta, amados.

Louvemos a deus por esse agraciado presente.

"Se Jesus existisse mesmo, eu até chupava o pau dele."