quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ambiciosa

Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...

Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar ...
Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar !

Minh’ alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus !

O amor dum homem ? Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada ...
Um homem ? Quando eu sonho o amor de um Deus ! ...

- Florbela Espanca

Nenhum comentário: