sábado, 11 de agosto de 2012

Manifesto da vagina

Depois de anos pensando 
se não seria muito ousado,
decido, do alto dos meus vinte anos, 
que devo tirar a calcinha.

Nervosa e discreta
Cometo o polêmico
E retiro aquele pequeno 
pedaço de pano.

Depois,
pego minha bike
e pedalo pecadora.

De vestido,
Sorrio do vento em polpa
que brinca leve pelas saias
De minha coxa.

However não se engane:
Que esse poema
não é erótico
Antes,
é a libertação do sexo, do meu sexo, particularmente preso
desde o berço.

Meu sexo, que já passou
Por talco e fralda
Calcinha e tanga
Maio de natação
biquíni de verão
tecidos e mais tecidos
sempre cobrindo
sempre tapando
e nunca mostrando
o que de mais belo tem
a mulher.

Agora chega.
Pelo menos uma vez na vida
o sexo
deve ser livre.

Sem calcinha
Sinto o mundo todo
entrando dentro de mim
Como se, de repente, tivesse eu
engolido a vida
pela boca da minha coxa

Sem calcinha
fico mais atenta
ás pequenas, sempre lindas,
sensações do corpo
Desafio
os caretas de recalque
a rotina da cidade
e faço guerra
no silêncio dos meus pelos púbicos

(que agora também são públicos
e talvez até mais puros.)

Me sinto fêmea
como a morte
Forte
como a vida.

Sem calcinha,
sinto
Sinto e sinto muito
por todas as mulheres que ainda
não tiveram seu dia de glória.

Por isso é que vos digo:
Mulheres, uni-vos!
Livre teu sexo!
Tire a calcinha!
que isso, meus caros, é putaria uma ova:
Isso aqui
é uma revolução

por Aline Vianna

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